terça-feira, 31 de março de 2009
O silêncio dos jornais
Por Luciano Martins Costa
A Folha de S.Paulo e o Globo ignoraram a notícia, mas o Estado de S.Paulo publica na edição de terça-feira (24/3), com destaque, que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região impôs ontem uma importante derrota à estratégia de defesa do banqueiro Daniel Dantas.
O controlador do banco Opportunity queria trancar a ação penal nascida da acusação de corrupção ativa, por tentativa de subornar um delegado federal para ser excluído da chamada Operação Satiagraha.
A decisão é fundamental para o prosseguimento das ações judiciais contra Dantas. Por essa razão, os leitores da Folha e do Globo ficarão menos informados sobre o assunto do que os leitores do Estadão.
A defesa de Daniel Dantas queria que a Justiça Federal considerasse irregular a parceria feita entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência – Abin – durante as investigações. Se a Justiça acatasse essa tese, o processo poderia ser abortado, mas os magistrados votaram por unanimidade considerando que a ação conjunta entre a Abin e a Polícia Federal não tem nada de errado.
Muito barulho
Fica, portanto, sobre a mesa, uma questão incômoda para ser respondida pela imprensa. A quem mais, a não ser ao próprio Daniel Dantas, interessaria toda a campanha feita principalmente pelos jornais O Globo e Folha de S.Paulo e pela revista Veja, no sentido de criminalizar as ações da Polícia Federal junto com a Abin?
Fica evidente, até mesmo para o leitor mais distraído com a paisagem, que parte da imprensa brasileira tem dedicado os últimos meses mais energia e espaço à tentativa de desqualificar os investigadores do que a investigar o acusado.
Foi tão desproporcional a concessão de espaço para supostas revelações sobre desmandos atribuídos ao delegado Protógenes Queiroz e ao juiz responsável pelo caso Satiagraha, Fausto de Sanctis, que algum leitor poderia supor que o delegado e o juiz é que eram os principais acusados.
O fato de parte da imprensa omitir na terça-feira (24) de seus leitores que a Justiça Federal considera normal a parceria entre a Polícia Federal e a Abin chega a soprar na brasa da teoria conspiratória segundo a qual o banqueiro contaria com a solidariedade de algumas redações.
Será que foi apenas um "furo" do Estadão? Os outros jornais não têm acesso à agenda da Justiça Federal?
Depois de todo barulho a respeito das ações conjuntas entre as duas instituições, o silêncio da Folha e do Globo chega a ensurdecer.
A disputa pelos leitores
O caso Satiagraha deflagrou uma guerra nos bastidores da imprensa, que só pode ser acompanhada pela internet.
Desde o já clássico confronto entre a revista Veja e o jornalista Luis Nassif, até os vazamentos e contravazamentos de supostas revelações da Polícia Federal, o escândalo envolvendo o banqueiro Daniel Dantas dá uma idéia de outra disputa que marca este começo de século: a disputa entre a imprensa tradicional, de papel, e a nova imprensa, que trafega pelos meios eletrônicos, pela atenção e o tempo dos leitores.
A internet está completando sua segunda década. A configuração gráfica da comunicação entre computadores, inaugurada com o navegador Mosaic, em 1994, cresceu, se espalhou pelo mundo e se miniaturizou, conquistando espaço também nas telinhas dos telefones celulares.
O jornalismo infiltrou-se pelos novos meios, e agora o leitor, antigo receptáculo passivo de informações, é também agente e observador da imprensa.
Alberto Dines
No vigésimo aniversário da www, a rede mundial de computadores, convém fazer algumas perguntas incômodas. A mais importante delas: será que a migração de alguns jornais impressos para a internet não é causada pela inapetência em apostar em jornalismo de qualidade?
Quer saber quem vai vencer a guerra entre o jornalismo tradicional e o jornalismo virtual? Os dois. Para entender o porquê, assista ao Observatório da Imprensa, na terça-feira às 22h40 ao vivo, em rede nacional, pela TV Brasil. Em São Paulo, também pelo Canal 4 da Net ou 181, da TVA.
FONTE: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/index.asp
Passaporte Para o Céu.
O passaporte diplomático era um documento reservado ao presidente da República, ministros, governadores e, é claro, diplomatas.
edir macedo passaporte
Mas como estamos no Brasil.
Há três anos, o governo estendeu o benefício a líderes religiosos.
O bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, começou a usá-lo no início de 2007. Por causa do documento, ele causou um arranca-rabo no Aeroporto de Guarulhos.
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O delegado da Polícia Federal Mário Menin Junior relata que três bispos da Universal, todos deputados paulistas, o pressionaram a liberar Macedo dos trâmites de imigração e alfândega em uma viagem que ele fazia ao exterior. Para tanto, invocaram o passaporte diplomático do chefe.
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Liderados por Gilmaci Santos (PRB), avisaram que o bispo chegaria ao aeroporto em um helicóptero e embarcaria, em seguida, em um de seus quatro jatos.
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Nada, portanto, de controles. Se a polícia ou a Receita insistissem na verificação, o bispo os receberia em seu avião.
A insistência dos policiais e dos fiscais em submeter Macedo aos procedimentos legais provocou uma reação intempestiva dos deputados. Depois, o próprio Edir reclamou: "Sou um enviado de Deus. Vocês estão atrapalhando meu trabalho", disse o bispo, segundo o delegado.
Um esclarecimento: o passaporte diplomático não dá direito a escapar da imigração ou da alfândega. Ele apenas facilita a entrada em outros países.
Só faltou ele apresentar a procuração de enviado.
fonte: Veja
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